domingo, 23 de junho de 2013

Eufrásia Teixeira Leite

  •    

    Senhora do seu destino

    Rica e liberal, Eufrásia Teixeira Leite desafiou a família e muitos preconceitos. Foi incompreendida até pelo noivo, Joaquim Nabuco

    Eneida Queiroz
    1/2/2013

    “Há anos raiou no céu fluminense uma nova estrela”. Esta frase abre o romance Senhora, escrito por José de Alencar em 1875. O autor a concebeu para descrever sua heroína, Aurélia Camargo, possivelmente influenciado por Eufrásia Teixeira Leite. As duas, a literária e a de carne e osso, eram belas e voluntariosas. Ficaram órfãs ainda jovens e por herança tornaram-se donas de uma riqueza invejável. Para elas caberia a associação virtuosa entre beleza e riqueza criada por Alencar: “Era rica e formosa. Duas opulências, que se realçam como a flor em vaso de alabastro; dois esplendores que se refletem, como o raio de sol no prisma do diamante”.
    Mesmo sendo considerada uma mulher liberal pelos seus contemporâneos, desafiando os padrões da época, a vida de Eufrásia Teixeira Leite foi discreta, misteriosa e cheia de lendas. Mas há um famoso romance em sua vida. Não um romance literário, mas uma história de amor verídica, que envolveu Eufrásia e o abolicionista Joaquim Nabuco (1849-1910) por mais de 14 anos.
    Eufrásia nasceu em Vassouras no ano de 1850, localidade do Vale do Paraíba fluminense que ascendia vertiginosamente em decorrência da produção de café [Ver “O café de antigamente”, página 90]. Filha dessa indústria, ela não cresceu entre grãos em uma fazenda, mas entre números e cálculos. Era a caçula do comissário de café Joaquim José Teixeira Leite (1812-1872), cuja fortuna formou-se sobre os juros de seus empréstimos para as fazendas, o transporte e a exportação dos grãos. A família tinha uma empresa de exportação cafeeira na cidade do Rio de Janeiro, a “Teixeira Leite e sobrinhos”. Em Vassouras, Joaquim possuía uma espécie de banco, a “Casa de Descontos”. Era um capitalista do mundo agrário oitocentista. Ele não investiu muitos recursos em fazendas e escravos, como outros da sua família. Casou-se com a filha de um grande fazendeiro, Ana Esméria (1827-1871), cujo pai era um dos maiores cafeicultores da região: Laureano Corrêa e Castro, o Barão de Campo Belo (1790-1861), dono de uma das propriedades mais bonitas de Vassouras, a Fazenda do Secretário.
    A influência econômica e política das famílias cafeeiras se estendia pela região do Vale do Paraíba. Não raro, membros dessas famílias se uniam em verdadeiros “casamentos dinásticos”, que embaralhavam a ordem dos sobrenomes, mas multiplicavam terras e riquezas. Tudo em família, a renda desses clãs cresceu, influenciando na importância política que alcançaram no Império. Eufrásia pertencia a uma família de barões e de membros do Partido Conservador.
    Na infância, aprendeu boas maneiras, a tocar piano e a falar francês: ensinamentos para uma futura senhora da elite. Tinha uma única irmã, Francisca Bernardina, cinco anos mais velha. Acredita-se que muito da genialidade de Eufrásia se deva à atitude do seu pai que, contrariando o hábito da época, teria ensinado matemática financeira às filhas como se fossem homens.
    A mãe de Eufrásia faleceu em 1871. No ano seguinte, o pai também faleceu. Francisca e Eufrásia estavam sozinhas, ricas e solteiras. Na sociedade patriarcal da época, é provável que os tios acreditassem que administrariam a herança das sobrinhas. Sob pressão (talvez até pressão para que se casassem com parentes), as duas resolveram morar fora do país, onde a família teria menor ingerência sobre elas. Partiram para Paris no navio Chimborazo em agosto de 1873, não sem antes serem severamente repreendidas pelos parentes, preocupados com a honra das donzelas que se afastavam da vigilância da família. O afastamento das irmãs da cidade de Vassouras foi facilitado pelo fato de a herança ser majoritariamente formada por títulos, ações e créditos a cobrar. A fortuna deixada pelo pai equivalia a 5% do valor arrecadado pelo governo brasileiro com o imposto de exportação no ano de 1872, ou à dotação anual do Imperador D. Pedro II. E nela havia apenas 12 escravos. A título de comparação, o Barão de Vassouras (tio de Eufrásia) chegou a possuir cerca de 150 escravos em sua fazenda Cachoeira Grande. A guinada para o mundo financeiro, iniciada por Joaquim e continuada por Eufrásia, revela a permanência de sua riqueza, enquanto os barões empobreciam com a degradação do solo fluminense.
    Quem também embarcou no Chimborazo foi Joaquim Nabuco. Na travessia do Atlântico, a paixão parece ter sido avassaladora: desembarcaram noivos. Emancipada, Eufrásia deu a própria mão em casamento. Seu tio manifestou repúdio ao noivo. Razões não faltavam: o pai do rapaz era do Partido Liberal, enquanto a família Teixeira Leite era do Partido Conservador; o rapaz ousava ser um abolicionista, enquanto a família da noiva era dona de escravos; o desnível econômico era notável, a ponto da irmã Francisca também suspeitar que ele pudesse estar à procura de um bom dote. O noivado foi desfeito e refeito algumas vezes ao longo de 14 anos de muitas correspondências.
    Entretanto, não foi a família que impediu o enlace. O primeiro rompimento ocorreu por um galanteio de Nabuco a outra mulher. Eufrásia teve uma crise de ciúmes. O assunto rendeu muitos comentários na Corte. Voltaram a reatar o noivado quando se reencontraram em Veneza, mas não durou muitos meses. O problema parecia ser o planejamento do futuro: ele queria voltar para o Brasil, e Eufrásia estava decidida a morar na Europa. Nabuco deve ter percebido o que comentavam sobre seu relacionamento com Eufrásia, quando seu desafeto José de Alencar (1829-1877), senador do Partido Conservador, publicou o romance Senhora, no qual uma bela moça órfã e rica compra seu marido, que se deixa vender, como um escravo.
    Quando o Partido Liberal voltou a tomar a dianteira do governo Imperial, após dez anos de hegemonia Conservadora [Ver RHBN nº 45], Nabuco foi eleito deputado e mergulhou definitivamente na causa abolicionista. Sua defesa pelo fim da escravidão fez seu próprio partido fechar-lhe as portas. Anos depois, entre 1885 e 1886, Nabuco voltou a tentar eleger-se deputado. Eufrásia retornou ao Brasil para acompanhar sua campanha, que atacava o “escravismo fluminense”. Indignada, a família Teixeira Leite acreditava que o casamento seria um disparate: o dote de Eufrásia, dinheiro conseguido em muitas décadas de uso e de defesa da escravidão, seria usado para financiar a campanha abolicionista de Nabuco.
    O romance acabou de vez quando Eufrásia tomou uma decisão desastrada, que muito a assemelhava da Senhora de Alencar: ofereceu dinheiro a Nabuco, há muito endividado. Uma mulher que se recusava a casar mas oferecia dinheiro ao amante era muita humilhação para o orgulho masculino. Ele escreveu a carta de rompimento, pedindo de volta todas as demais que lhe havia escrito. Ela disse que não devolveria, eram parte de sua história. Onde estariam essas cartas hoje? Uns dizem que Eufrásia pediu para ser enterrada com elas, outros dizem que as cartas foram queimadas por seu testamenteiro, a seu pedido.
    Nabuco tornou-se embaixador, casou-se com outra mulher e teve muitos filhos. Eufrásia nunca se casou, mas enveredou pelo mundo financeiro e teve muito lucro. O esplendor da riqueza se consumou em seu último endereço em Paris: o palacete de cinco andares na Rua Bassano, local nobre até hoje, bem próximo ao Arco do Triunfo. Antes das reuniões em sua casa, Eufrásia passava horas no quarto para que lhe costurassem pedras preciosas sobre o tecido dos vestidos e até no cabelo. Era conhecida como a dama dos diamantes negros.
    Investiu em setores de ponta do desenvolvimento econômico da época, como estrada de ferro; exploração de jazidas de ouro, diamantes, carvão, ferro e petróleo; manufaturas agroindustriais; portos, energia elétrica, transportes urbanos; além de ações de bancos e títulos da dívida pública de estados e cidades. Ao final da vida, ainda investiu no setor imobiliário. Em 1929, comprou um grande terreno em Copacabana, dividiu-o em 49 lotes e lhe deu o nome de Travessa Santa Leocádia. Ao falecer, em 1930, um dos lotes já havia sido vendido. Legou quase toda a herança para os pobres e instituições de caridade em Vassouras, que se desdobraram em hospitais, escolas e demais benfeitorias.
    Eneida Queiroz é coautora de Brasileiros e cidadãos: Modernidade política 1822-1930 (Alameda, 2008) e historiadora do Instituto Brasileiro de Museus.

    Saiba mais- Bibliografia
    ALONSO, Ângela. Joaquim Nabuco: os salões e as ruas. São Paulo, Companhia das Letras, 2007.
    CATHARINO, Ernesto José Coelho Rodrigues. Eufrásia Teixeira Leite: fragmentos de uma existência. Edição do autor, 1992.
    FERNANDES, Neusa. Eufrásia e Nabuco. Rio de Janeiro, Editora Mauad, 2012.
    MELO, Hildete Pereira; FALCI, Miridam Britto Knox. A sinhazinha emancipada: Eufrásia Teixeira Leite (1850-1930). Rio de Janeiro, Vieira & Lent, 2012.
    _. “Riqueza e emancipação: Eufrásia Teixeira Leite, uma análise de gênero”. In: Revista Estudos Históricos. Rio de Janeiro, FGV, no 29, 2002.
    _. “Eufrásia e Nabuco: uma história de desencontros amorosos”In: Revista do IHGB. Rio de Janeiro, n. 423, 2004.
    _. Eufrásia Teixeira Leite: o destino de uma herança. Anais do V Congresso Brasileiro de História Econômica e 6ª Conferência Internacional de História de Empresas, 2003.
    MELO, Hildete Pereira; MARQUES, Teresa Cristina Novaes. A partilha da riqueza na ordem patriarcal.Anais do XXIX Encontro Nacional de Economia, Associação Nacional dos Centros de Pós-graduação em Economia, ANPEC, 2001.
    LAGE, Claudia. Mundos de Eufrásia. Rio de Janeiro, Record, 2010.
    Filmes
    A época da inocência, de Martin Scorsese, 1993.
    Site
    Blog do Museu Casa da Hera: http://casadahera.wordpress.com/

    Eufrásia ofereceu dinheiro a Nabuco, há muito endividado. Recusava-se a casar mas oferecia dinheiro ao amante: muita humilhação para o orgulho masculino

Eufrásia Teixeira Leite

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    Senhora do seu destino

    Rica e liberal, Eufrásia Teixeira Leite desafiou a família e muitos preconceitos. Foi incompreendida até pelo noivo, Joaquim Nabuco

    Eneida Queiroz
    1/2/2013

    “Há anos raiou no céu fluminense uma nova estrela”. Esta frase abre o romance Senhora, escrito por José de Alencar em 1875. O autor a concebeu para descrever sua heroína, Aurélia Camargo, possivelmente influenciado por Eufrásia Teixeira Leite. As duas, a literária e a de carne e osso, eram belas e voluntariosas. Ficaram órfãs ainda jovens e por herança tornaram-se donas de uma riqueza invejável. Para elas caberia a associação virtuosa entre beleza e riqueza criada por Alencar: “Era rica e formosa. Duas opulências, que se realçam como a flor em vaso de alabastro; dois esplendores que se refletem, como o raio de sol no prisma do diamante”.
    Mesmo sendo considerada uma mulher liberal pelos seus contemporâneos, desafiando os padrões da época, a vida de Eufrásia Teixeira Leite foi discreta, misteriosa e cheia de lendas. Mas há um famoso romance em sua vida. Não um romance literário, mas uma história de amor verídica, que envolveu Eufrásia e o abolicionista Joaquim Nabuco (1849-1910) por mais de 14 anos.
    Eufrásia nasceu em Vassouras no ano de 1850, localidade do Vale do Paraíba fluminense que ascendia vertiginosamente em decorrência da produção de café [Ver “O café de antigamente”, página 90]. Filha dessa indústria, ela não cresceu entre grãos em uma fazenda, mas entre números e cálculos. Era a caçula do comissário de café Joaquim José Teixeira Leite (1812-1872), cuja fortuna formou-se sobre os juros de seus empréstimos para as fazendas, o transporte e a exportação dos grãos. A família tinha uma empresa de exportação cafeeira na cidade do Rio de Janeiro, a “Teixeira Leite e sobrinhos”. Em Vassouras, Joaquim possuía uma espécie de banco, a “Casa de Descontos”. Era um capitalista do mundo agrário oitocentista. Ele não investiu muitos recursos em fazendas e escravos, como outros da sua família. Casou-se com a filha de um grande fazendeiro, Ana Esméria (1827-1871), cujo pai era um dos maiores cafeicultores da região: Laureano Corrêa e Castro, o Barão de Campo Belo (1790-1861), dono de uma das propriedades mais bonitas de Vassouras, a Fazenda do Secretário.
    A influência econômica e política das famílias cafeeiras se estendia pela região do Vale do Paraíba. Não raro, membros dessas famílias se uniam em verdadeiros “casamentos dinásticos”, que embaralhavam a ordem dos sobrenomes, mas multiplicavam terras e riquezas. Tudo em família, a renda desses clãs cresceu, influenciando na importância política que alcançaram no Império. Eufrásia pertencia a uma família de barões e de membros do Partido Conservador.
    Na infância, aprendeu boas maneiras, a tocar piano e a falar francês: ensinamentos para uma futura senhora da elite. Tinha uma única irmã, Francisca Bernardina, cinco anos mais velha. Acredita-se que muito da genialidade de Eufrásia se deva à atitude do seu pai que, contrariando o hábito da época, teria ensinado matemática financeira às filhas como se fossem homens.
    A mãe de Eufrásia faleceu em 1871. No ano seguinte, o pai também faleceu. Francisca e Eufrásia estavam sozinhas, ricas e solteiras. Na sociedade patriarcal da época, é provável que os tios acreditassem que administrariam a herança das sobrinhas. Sob pressão (talvez até pressão para que se casassem com parentes), as duas resolveram morar fora do país, onde a família teria menor ingerência sobre elas. Partiram para Paris no navio Chimborazo em agosto de 1873, não sem antes serem severamente repreendidas pelos parentes, preocupados com a honra das donzelas que se afastavam da vigilância da família. O afastamento das irmãs da cidade de Vassouras foi facilitado pelo fato de a herança ser majoritariamente formada por títulos, ações e créditos a cobrar. A fortuna deixada pelo pai equivalia a 5% do valor arrecadado pelo governo brasileiro com o imposto de exportação no ano de 1872, ou à dotação anual do Imperador D. Pedro II. E nela havia apenas 12 escravos. A título de comparação, o Barão de Vassouras (tio de Eufrásia) chegou a possuir cerca de 150 escravos em sua fazenda Cachoeira Grande. A guinada para o mundo financeiro, iniciada por Joaquim e continuada por Eufrásia, revela a permanência de sua riqueza, enquanto os barões empobreciam com a degradação do solo fluminense.
    Quem também embarcou no Chimborazo foi Joaquim Nabuco. Na travessia do Atlântico, a paixão parece ter sido avassaladora: desembarcaram noivos. Emancipada, Eufrásia deu a própria mão em casamento. Seu tio manifestou repúdio ao noivo. Razões não faltavam: o pai do rapaz era do Partido Liberal, enquanto a família Teixeira Leite era do Partido Conservador; o rapaz ousava ser um abolicionista, enquanto a família da noiva era dona de escravos; o desnível econômico era notável, a ponto da irmã Francisca também suspeitar que ele pudesse estar à procura de um bom dote. O noivado foi desfeito e refeito algumas vezes ao longo de 14 anos de muitas correspondências.
    Entretanto, não foi a família que impediu o enlace. O primeiro rompimento ocorreu por um galanteio de Nabuco a outra mulher. Eufrásia teve uma crise de ciúmes. O assunto rendeu muitos comentários na Corte. Voltaram a reatar o noivado quando se reencontraram em Veneza, mas não durou muitos meses. O problema parecia ser o planejamento do futuro: ele queria voltar para o Brasil, e Eufrásia estava decidida a morar na Europa. Nabuco deve ter percebido o que comentavam sobre seu relacionamento com Eufrásia, quando seu desafeto José de Alencar (1829-1877), senador do Partido Conservador, publicou o romance Senhora, no qual uma bela moça órfã e rica compra seu marido, que se deixa vender, como um escravo.
    Quando o Partido Liberal voltou a tomar a dianteira do governo Imperial, após dez anos de hegemonia Conservadora [Ver RHBN nº 45], Nabuco foi eleito deputado e mergulhou definitivamente na causa abolicionista. Sua defesa pelo fim da escravidão fez seu próprio partido fechar-lhe as portas. Anos depois, entre 1885 e 1886, Nabuco voltou a tentar eleger-se deputado. Eufrásia retornou ao Brasil para acompanhar sua campanha, que atacava o “escravismo fluminense”. Indignada, a família Teixeira Leite acreditava que o casamento seria um disparate: o dote de Eufrásia, dinheiro conseguido em muitas décadas de uso e de defesa da escravidão, seria usado para financiar a campanha abolicionista de Nabuco.
    O romance acabou de vez quando Eufrásia tomou uma decisão desastrada, que muito a assemelhava da Senhora de Alencar: ofereceu dinheiro a Nabuco, há muito endividado. Uma mulher que se recusava a casar mas oferecia dinheiro ao amante era muita humilhação para o orgulho masculino. Ele escreveu a carta de rompimento, pedindo de volta todas as demais que lhe havia escrito. Ela disse que não devolveria, eram parte de sua história. Onde estariam essas cartas hoje? Uns dizem que Eufrásia pediu para ser enterrada com elas, outros dizem que as cartas foram queimadas por seu testamenteiro, a seu pedido.
    Nabuco tornou-se embaixador, casou-se com outra mulher e teve muitos filhos. Eufrásia nunca se casou, mas enveredou pelo mundo financeiro e teve muito lucro. O esplendor da riqueza se consumou em seu último endereço em Paris: o palacete de cinco andares na Rua Bassano, local nobre até hoje, bem próximo ao Arco do Triunfo. Antes das reuniões em sua casa, Eufrásia passava horas no quarto para que lhe costurassem pedras preciosas sobre o tecido dos vestidos e até no cabelo. Era conhecida como a dama dos diamantes negros.
    Investiu em setores de ponta do desenvolvimento econômico da época, como estrada de ferro; exploração de jazidas de ouro, diamantes, carvão, ferro e petróleo; manufaturas agroindustriais; portos, energia elétrica, transportes urbanos; além de ações de bancos e títulos da dívida pública de estados e cidades. Ao final da vida, ainda investiu no setor imobiliário. Em 1929, comprou um grande terreno em Copacabana, dividiu-o em 49 lotes e lhe deu o nome de Travessa Santa Leocádia. Ao falecer, em 1930, um dos lotes já havia sido vendido. Legou quase toda a herança para os pobres e instituições de caridade em Vassouras, que se desdobraram em hospitais, escolas e demais benfeitorias.
    Eneida Queiroz é coautora de Brasileiros e cidadãos: Modernidade política 1822-1930 (Alameda, 2008) e historiadora do Instituto Brasileiro de Museus.

    Saiba mais- Bibliografia
    ALONSO, Ângela. Joaquim Nabuco: os salões e as ruas. São Paulo, Companhia das Letras, 2007.
    CATHARINO, Ernesto José Coelho Rodrigues. Eufrásia Teixeira Leite: fragmentos de uma existência. Edição do autor, 1992.
    FERNANDES, Neusa. Eufrásia e Nabuco. Rio de Janeiro, Editora Mauad, 2012.
    MELO, Hildete Pereira; FALCI, Miridam Britto Knox. A sinhazinha emancipada: Eufrásia Teixeira Leite (1850-1930). Rio de Janeiro, Vieira & Lent, 2012.
    _. “Riqueza e emancipação: Eufrásia Teixeira Leite, uma análise de gênero”. In: Revista Estudos Históricos. Rio de Janeiro, FGV, no 29, 2002.
    _. “Eufrásia e Nabuco: uma história de desencontros amorosos”In: Revista do IHGB. Rio de Janeiro, n. 423, 2004.
    _. Eufrásia Teixeira Leite: o destino de uma herança. Anais do V Congresso Brasileiro de História Econômica e 6ª Conferência Internacional de História de Empresas, 2003.
    MELO, Hildete Pereira; MARQUES, Teresa Cristina Novaes. A partilha da riqueza na ordem patriarcal.Anais do XXIX Encontro Nacional de Economia, Associação Nacional dos Centros de Pós-graduação em Economia, ANPEC, 2001.
    LAGE, Claudia. Mundos de Eufrásia. Rio de Janeiro, Record, 2010.
    Filmes
    A época da inocência, de Martin Scorsese, 1993.
    Site
    Blog do Museu Casa da Hera: http://casadahera.wordpress.com/

    Eufrásia ofereceu dinheiro a Nabuco, há muito endividado. Recusava-se a casar mas oferecia dinheiro ao amante: muita humilhação para o orgulho masculino

projeto de história

A cada dia, mais encantada com o belo do Segundo Reinado, D. Pedro II.

projeto de história

A cada dia, mais encantada com o belo do Segundo Reinado, D. Pedro II.

segunda-feira, 13 de maio de 2013

tempo perdido

O mundo é um desencanto real. Todas as formas de afetividade pode mesmo ser uma forma de punição/prisão e recompensa, como tanto enfatizou Foucault em seus estudos. Eu não me considero desencantada totalmente de tudo por que entre uma e outra coisa, uma e outra situação, permeando fatos, verdades, mentiras, realidades, ilusões -presente-, desilusões -passado-, ainda encontro força para resgatar única herança que me deixaram e que me parece imutável e verdadeiramente confortante, admitir minha essência cristã.

tempo perdido

O mundo é um desencanto real. Todas as formas de afetividade pode mesmo ser uma forma de punição/prisão e recompensa, como tanto enfatizou Foucault em seus estudos. Eu não me considero desencantada totalmente de tudo por que entre uma e outra coisa, uma e outra situação, permeando fatos, verdades, mentiras, realidades, ilusões -presente-, desilusões -passado-, ainda encontro força para resgatar única herança que me deixaram e que me parece imutável e verdadeiramente confortante, admitir minha essência cristã.

domingo, 21 de abril de 2013

21 de abril

O Último Tamoio (1883), uma das obras mais notórias de Amoedo


Martírio de Tiradentes, óleo sobre tela de Francisco Aurélio de Figueiredo e Melo (1854 — 1916).


Estudando sobre a AIBA Acadêmia Imperial de Belas Artes, ontem me deparei com as ilustrações - nas obras de artes de renomados artistas brasileiros - para a iconografia da  República vs  a iconografia do Império do Brasil: Tiradentes, de Figueiredo e Melo,  vs O último tamoio, de Rodolfo Amoêdo. São telas lindíssimas resultado de trabalhos de artistas que estudaram 'Pintura Histórica' na AIBA e a partir da AIBA , foram à Europa como bolsistas para aprimorarem seus estudos. Bem, estudando as artes no Brasil me questiono, não se a República é melhor que a monarquia, mas o que ela tem feito para merecer o status que possui, as bandeiras que defenderam, em prol de sua existência,  estão  hasteadas?