sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

A evolução dos vampiros






Retomando o tema “Vampiros” que muito me agrada, por uma série de fatores que em outra oportunidade irei aqui explicitar. Vejo-me, neste momento analisando o belo sentido da coisa, ou melhor, do termo “vampiro” e sua evolução favorecida por seus criadores porque aquele modifica também é modificado. Logo, os vampiros ao humanizar-se sob vários aspectos de sua existência, nos conduz assim, a analogia entre os comportamentos desses seres fictícios aos dos da humanidade que habita entre nós. Algo impar, porque se para o homem não é nada fácil ser humano em sua plenitude, quanto mais aos vampiros o serem.


Certamente, os vampiros nasceram rudes e monstruosos no submundo, mas, no mundo da ficção fantasia da imaginação fértil de incríveis autores, e , logo, por isso no decorrer do tempo sob a possibilidade desses seres se polirem e se melhorarem, foram conduzidos por seus autores a trilharem para o ápice do cume da evolução que existe, pois qual pai e mãe não dariam a seus filhos uma segunda chance?


Bram Stoker, um escritor irlandês que fez grande sucesso com seu famoso romance Drácula, lançado em 1897, nos trouxe um vampiro contextualizado no cenário de prestigio econômico de uma Inglaterra sob a corrida Imperialista de dominar o mundo, certamente, teve ele acesso as obras de Darwin e seus conceitos sobre Teoria da Evolução das Espécies de meados de século XIX, por exemplo. E, num contexto literário de pós-romantismo e simbolismo de final de século, Bram Stoker deu ao seu vampiro um teor de muito mistério e ficção junto ao frenesi do momento de evolução das ciências médicas que apresentavam ao mundo a transfusão de sangue dentre outras evoluções, também tinha o fato de que o irmão mais velho de Bram Stoker era um médico e talvez lhe tenha sido um referencial importante.


O conde Drácula, de Bram Stoker, é um nobre da Hungria, porém bem rude, mas que ao ter contato com a civilização inglesa e a possibilidade de provar o amor Mina Murray-Harker sob essência e memória de sua outrora amada, Elisabeta, torna-se um cavalheiro romântico e civilizado. Claro que ele não se refina de uma hora para outra e comete uma série de crimes e barbáries aos olhos dos humanos humanizados.


Autora do famoso best-seller Entrevista com Vampiro e outras muitas séries de livros com o tema Séries Vampirescas, Anne Rice, é uma de minhas escritoras prediletas. Ela nos trouxe a grande leva de vampiros tomados de paixões humanas físicas e mentais, e sob amplo aspecto buscou explorar a necessidade que eles sentiam de compartilhar com os humanos a parte humana que guardavam de si em suas próprias memórias quem sabe já que interpretações são bem subjetivas.


Anne Rice, explora a vida e a existência de seus personagens na linha do tempo, evidenciados nos períodos que a História nos revela. Nota-se a evolução dos vampiros de Anne Rice conforme a Humanidade se evolui, porém, a maioria de seus vampiros ainda são bem cruéis e afloram seus instintos selvagens no momento de se alimentarem, tudo que tanto anseiam. Nós , homens, também somos capazes de nos retrair da civilidade em prol da sobrevivência. Estes dias, num triste documentário que assisti na TV, sobre a fome que acomete o Haiti no pós-terremoto, um psiquiatra falando sobre a “fome” que induz nosso cérebro recorrer a sua camada mais interna e primitiva, bem longe da região periférica , o córtex , ao hipotálamo, tornamo-nos animais bem agressivos e selvagens diante da fome que acomete, portanto, diante da possibilidade de não existirmos mais nos tornamos agressivos e assim somos a pura e crua auto-sobrevivência.


O clã evoluiu. E evoluiu em amplo sentido, como no sentido de dosar seus instintos e darem a si uma nova configuração sob novas possibilidades de boas condutas, por assim dizer, nasce entre alguns vampiros uma ética boa. A busca de uma evolução quase humana e convencionada onde conter-se, manter o controle sobre si mesmo é mais que uma grande virtude, mas uma realização sublime. Um exemplo disso, cito a obra Crepúsculo da autora Stephenie Meyer que nos traz vampiros civilizados e bons, além dos brutos e maus como os bárbaros infratores e dementes. Os mocinhos da trama de Meyer são realmente como os bons moços que conhecemos, intelectualizados ou não, são eticamente corretos como em qualquer sociedade humanizada.


Numa breve conclusão, é a capacidade de amar, uma questão de psique e fisiologia, a possibilidade de se sentirem vivos por conta deste sentir que é a mola mestra da evolução dos vampiros de Bram Stoker, Anne Rice e Stephenie Meyer, sendo este aspecto um tema que pretendo abordar em outra oportunidade.