quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Duo



Ele:
Ela balança, tende e sente
Perfeita! Pende curvilínea, enverga sob o ar
Como quem dança de pernas presas
Ditosa, cega e serena, tem orvalho no olhar
Você!
Ela:
Dar-te-ei meu zelo paixão
Serei imprudente ao amar-te
Teimosa aspirando seus ares
Ao sentir seus afagos
No calcar da minha vastidão
Quero-te!
Ele:
Embriagada nadaste em mares,
Dançaste além dos pastos que a circunda e rodeia
quando teci fios que me ataram a você
Da natureza que somos
Que são os fenômenos
Amor, quem pudera prever
Ela:
Sob seu corpo que me marca
O seu olhar que me lapida
Contempla-me, sem despedidas
Eu sentida, tomada de impressão
Em amor, por entender das premissas
trazes sabor para minha razão
Ensandecida eu me dou em servidão.
Quando chega, tem
o cheiro que enleva e desespera a arte,
um afago para as minhas margens .
Cutis morena me tens sob olhares
em arrebatada paixão!!!
Eu sei…
Um apertar nas entranhas
que grita por toda a parte
Meus olhos,  imagem que reverbera
Meu coração compassado revela
Que é o amor , um perder em imensidão
ardor.

sábado, 10 de outubro de 2009

Muito interessante a política de importação e exportação do wordpress, certamente, apenas, importação.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Globalização

O cidadão norte-americano


Ralph Linton, antropólogo


“O cidadão norte-americano desperta num leito construído segundo padrão originário do Oriente Próximo, mas modificado na Europa Setentrional, antes de ser transmitido à América. Sai debaixo de cobertas feitas de algodão cuja planta se tornou doméstica na Índia; ou de linho ou de lã de carneiro, um e outro domesticados no Oriente Próximo; ou de seda, cujo emprego foi descoberto na China. Todos estes materiais foram fiados e tecidos por processos inventados no Oriente Próximo. Ao levantar da cama faz uso de ‘mocassins’ que foram inventados pelos índios das florestas do Leste dos Estados Unidos e entra no quarto de banho cujos aparelhos são uma mistura de invenções européias e norte-americanas, umas e outras recentes. Tira o pijama, que é vestiário inventado na Índia e lava-se com sabão que foi inventado pelos antigos gauleses, faz a barba que é um rito masoquístico que parece provir do antigo Egito.


(...) De caminho para o breakfast, pára para comprar um jornal, pagando-o com moedas, invenção da Líbia antiga. No restaurante, toda uma série de elementos tomados de empréstimo o espera. O prato é feito de uma espécie de cerâmica inventada na China. A faca é de aço, liga feita pela primeira vez na Índia do Sul; o garfo é inventado na Itália Medieval; a colher vem de um original romano. Começa o seu breakfast com uma laranja vinda do Mediterrâneo Oriental, melão da Pérsia, ou talvez uma fatia de melancia africana. Toma café, planta abissínia, com nata e açúcar. A domesticação do gado bovino e a idéia de aproveitar o seu leite são originárias do Oriente Próximo, ao passo que o açúcar foi feito pela primeira vez na Índia. Depois das frutas e do café vêm waffles, os quais são bolinhos fabricados segundo uma técnica escandinava, empregando como matéria-prima o trigo, que se tornou planta doméstica na Ásia Menor. (...)


Acabando de comer, nosso amigo se recosta para fumar, hábito implantado pelos índios americanos e que consome uma planta originária do Brasil; fuma cachimbo, que procede dos índios da Virgínia, ou cigarro, proveniente do México. Se for fumante valente, pode ser que fume mesmo um charuto, transmitido à América do Norte pelas Antilhas, por intermédio da Espanha. Enquanto fuma, lê notícias do dia, impressas em caracteres inventados pelos antigos semitas, em material inventado na China e por um processo inventado na Alemanha. Ao inteirar-se das narrativas dos problemas estrangeiros, se for bom cidadão conservador, agradecerá a uma divindade hebraica, numa língua indo-européia, o o fato de ser cem por cento americano.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

belo e Belo

estep


Ego qui sum servus vester et fillus


Ao que posso ver ou ter pretendido


Notar-me ao ornado e polido


Seguir além das estepes


o perfume de seu ébrio e fino  vinho...

sábado, 15 de agosto de 2009

A vestal

vestale

Seus pés desnudos
ao deleite destes olhares não mudos
abjurado ofício sob sussurros ...

Ingênua, não vela o corpo, as chamas?
Ganir, sísmico e abalado
nítido e profano, ao vê-la inflama.

Cores quentes e afagos noturnos.
Seu tremular o vento reclama...
Flâmula suas vestes, stola ou toga, não queima

o fogo que tem o Senhor lhe toma as seivas
Em êxtase, grita, a carne permeia, estremece
Fulgor revela alva face de Vestal sob amor adormece.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Camoniana

maos



Não anacrônico e voraz ardor
Na pele o teimoso queimar
De um fogo que não se vê, amor
Proferiu o poeta, eis meu acalentar